Aparato mediático e ideia de Espanha (I)
Ultimamente venhem-me dizendo que nom participo tanto como acostumava nesses típicos "debates de café" sobre os recorrentes temas do nacionalismo, a dicotomia Galiza/Espanha (e, por extensom, galego/espanhol), a la política no Estado espanhol e toda essa história pseudo-metapolítica que adoito cobre os minutos posteriores a uma enchente entre amigos/as.
A raçom é bem singela: um cansa de repetir-lhe as mesmas ideias às paredes e, olho!, algo nom se torna cansativo por nom acadar os pretensos objectivos de "unanimidade/coincidência" ideológica, senom porque um vê que a parede nem sequera amossa a possibilidade idílica de mudar de cor, ainda que só seja de tonalidade. É dizer, que falar com pessoas que de antemão já se mostram contrárias a quaisquer tipo de variaçons ou modelaçons a respeito dos seus preconceitos é um tanto desilusivo.
De todas as maneiras, a teimosia dalgumas pessoas, já forem relevantes na cena pública ou nom, em demonstrarem a bondade de certos ideais por cima doutros aos que se aponhem, curiosamente, num plano ridiculamente ambiguo (o teu nacionalismo é uma merda, mas o meu -que nom é nacionalismo, senom uma sorte de ideologia proto-concebida primigénia e mística- é o p*** prometeu definitivo), faz com que a um nom lhe quede outro remédio que reagir contra tanta falácia e estultícia gratuitas.
Caralhada núm. 1: a ideia de Espanha.
Eu gosto de dissecar esta ideia em duas vertentes:
1º. Com a história (mal que pesse a moitos/as) na mão: de onde é que sai por vez primeira o conceito, de quantos anos goza a sua vigência (se é que é algo pré-histórico ou que caralho) e quais variáveis (se é que existem) se oferecem normalmente para explicar essa ideia sem ter que recorrer a aquilo que precisamente o espanholismo camuflado refuga por completo: o romanticismo ideológico, numa espécie de pré-definiçom ahistórica que escapa a toda análise de quem estiver fora do sistema.
2º O que é ainda mais curioso: como é que se pode seguir o feliz processo de declarar uma ideia político-filosófica "fundamentada" e "racional", rejeitando de vez uma ideia, como mínimo, tam válida como a primeira polo simples feito de ficar "no extra-rádio" ideológico, sem sofrer um ataque de absurdidade instantânea?
Caso prático: El nacionalismo gallego/vasco/catalán es malo porque hace daño a España, que es la unidad pre-existente de los pueblos españoles en torno a la idea común de España.
Perdón, pero entonces sentirse español es ser nacionalista español?
No y sí. Es decir, no es nacionalismo en tanto en cuanto tendríamos que explicar concienzudamente cómo podemos ser ultra-nacionalistas denostando los nacionalismos periféricos sin caer en el absurdo (con la complicación que conllevaría) y sí es nacionalismo en tanto en cuanto es obvio, porque se defienden los mismo preceptos que en cualquier nacionalismo (riqueza, status, lengua, ideología, identidad, etc.), sea éste del país/nación/Estado que sea.
Caralhada núm. 2: A terrível ameaça dos nacionalismos
Ultimamente, como o debate ideológico é dum nível paupérrimo e lamentável, as pessoalidades do "mundinho" sacam a língua a pacer com uma facilidade alarmante. E, por riba de Rajoys, Acebes, Zaplanas, Mayororejas, Feijóos, Tourinhos, etc. (cuja altura política é tam ínfima que apenas se lhes intui), os que mais me enfastiam som esses "iluminados de taberna", os Pérez Reverte e os Arcadi Espada, que, ao se decatarem da oportunidade que lhes brinda uma sociedade espanhola funcionalmente analfabeta, anestesiada pola sobre e a infra-informaçom, nom dubidam em aproveitar o momento e adoutrinam-nos com as suas lúcidas observaçons sobre ideologia e poder, alertando-nos sobre o pernicioso efeito dos malignos nacionalismos (mais que sorte de meta-ideologia segue esta gente que nunca se contrapom a nada e sempre emerge límpida e reconfortante?). Com a vantagem que lhes confere terem um neurone mais que a meia (som gente culta, estudada, escritora e tal), oferecem-nos a sua sabedoria de livro desclassificado de biblioteca universitária com frases como: (A. Espada) "Yo soy español, no me siento español, ¿qué es eso de sentirse gallego o de Hospitalet? Eso es una gilipollez. Nací en España, tengo pasaporte español y por eso soy español. No es una proclamación patriótica, es un ejercicio topológico" [sic. As negrinhas som minhas]. Mágoa que nom nacera, por casualidades do destino, no Gabom, porque seria uma sorte ver um gabonês branco a defender umas ideias "topologicamente nom nacionalistas" em medio de mil pretos/as famentos. Vê-se que Arcadi é um tipo desses que é de onde nace, nom de onde pace...
Isso sim, para vender o fume chupimendilerendi há que dar-lhe um pouco de xabom à gentinha, que se nom lhe deixas claro que estás do seu lado nom se inteiram do que lhes dizes: "a mí me la sopla la idea de Cataluña tanto como la de España. Yo creo en los españoles y en sus anhelos..." [sic.] (assim que Arcadi crê nos espanhois porque os vê, claro, é dizer, som fisicamente constatáveis, por usar um eufemismo na linha arcadiana. O caso é saber como demo percebe Arcadi os "anhelos" dos "españoles", se aínda, segundo parece, nem sequer temos claro que caralho significa ser espanhol mais alá de ter uma tarjeta com um número onde pom que "Espanha" che expede um "cartom identificativo" a efeitos administrativos. Daquela, se eu nom tenho passaporte, como é o caso, nom som espanhol? Já está? Pois o que se vai complicar a cousa quando reparem que na carteira de motorista do Estado aparece a referência "Reino de España". A ver como se apanham para o explicar...).
Podedes ler a "intelectualmente superior" entrevista íntegra na seguinte ligaçom.
3º Caralhada núm. 3 e final: a questom do idioma
E aqui vou ser moito breve porque já falei abondo disto e um cansa de repeter-se.
Digamos que se o idioma próprio duma comunidade linguística (e aqui já entramos em disquisiçons filológicas, fora de toda tintura política e interesseira) é x, o normal é considerar que tal idioma é o que deve predominar, tam sequera, nas relaçons e informaçons vecenlhadas com a administraçom que aprova aquela ideia/feito como lei.
E a questom do idioma próprio dum território nom é maleável nem modificável a gosto do consumidor/a. É o que é, e ponto. Se os dados tirados dos estudos duma língua dada através da história fazem com que se chegue a uma ideia comum sobre a sua pré-existência e evoluçom, ninguém pode altera-lo quando nom gosta dessa realidade.
E chegando-mos a este ponto, o que nom se concebe é como, case no ano 2008, ainda há gente que chega a odiar um idioma, tentando cerrar-lhe todas as portas à sua funcionalidade e existência, esgrimindo o ridiculamente cómico e penoso argumento da "economia e preponderância linguística", segundo o qual com falarmos dous idiomas de presença internacional já avonda. O ridículo, por certo, torna-se disparatado quando os mesmos "obtusos" (ou como dizem os ingleses, narrow-minded people -penso que é assim-) espanholeiros, tentando encaixar a importância (escassa, evidentemente) do espanhol na contorna das línguas influentes do mundo advogam polo estudo do inglês (como língua de expressom internacional) e o espanhol (como língua de cultura cervantina -?-). No caso da Galiza, isto torna-se mais sangrante, se couber, já que fechar-lhe a porta ao português quando no nosso caso a semelhança e a facilidade para nos achegarmos a ele é evidente, constitui um feito flagrante de irresponsabilidade económico-cultural.
Na vindoura entrega (quando me apeteça) tentarei explicar porque estou até a caralha de que os meios espanhóis andem sempre com a sua merda de centralismo cavernário que atonta os sentidos e enerva o espírito.
Saúde!
Dedicado com afecto a Pombo, desejando-lhe que remate a época de exames com sucesso para podermos tomar uma cerveja à nossa saúde.
20.12.07
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